Síndrome de May-Thurner
A síndrome de May-Thurner, também conhecida como síndrome de compressão da veia ilíaca ou síndrome de Cockett, afeta dois vasos sanguíneos que vão e vêm das pernas: artéria e veia ilíaca.
Nossos vasos sanguíneos transportam sangue para todas as partes do nosso corpo. Nossas artérias movem o sangue para longe do seu coração levando oxigenação e vida, e nossas veias o trazem de volta o sangue para ser oxigenado no pulmão/coração novamente. Às vezes, artérias e veias se cruzam.
O cruzamento desses vasos sanguíneos é anatomicamente normal. Mas na síndrome de May-Thurner, a artéria ilíaca direita aperta a veia ilíaca esquerda quando elas se cruzam na pélvis (em frente a coluna lombar). Por causa dessa pressão, o sangue pode não fluir tão livremente pela veia ilíaca esquerda. Uma boa analogia: é um pouco como pisar parcialmente em uma mangueira. Essa pressão, que acontece contra a coluna lombar, acaba bloqueando o fluxo sanguíneo da região de forma parcial ou total.
Como a veia e a artéria são muito próximas, uma leve compressão ocorre naturalmente nas pessoas (assintomáticas). Mas em alguns casos, essa compressão é significativa, podendo levar a sintomas específicos.
Estima-se que 20% a 30% da população possui essa compressão, mas nem todos apresentam sintomas.
Implicações e sintomas da Síndrome de May-Thurner / Cockett
Quando a compressão é excessiva, pode provocar maior dificuldade no retorno venoso da perna esquerda, contribuindo para o aparecimento de varizes ou trombose venosa profunda. É interessante lembrar que uma das consequências da trombose venosa profunda não tratada é a embolia pulmonar, uma condição de saúde gravíssima que pode levar à morte.
A síndrome de May-Thurner /Cockett também pode causar lesões na parte interna da veia (endotélio), facilitando assim a manifestação da trombose. E em algumas situações um aumento de pressão nas veias pélvicas levando as varizes pélvicas.
Varizes Pélvicas estão muito relacionadas com a Síndrome de May-Thurner, e nessa apresentação a paciente pode apresentar além de dor e edema na perna, dor na pélvis no período menstrual e até durante a relação sexual.
Sintomas do Síndrome de May-Thurner
Muitas pessoas não sabem que são portadoras desta condição, por isso muitas vezes a identificação acontece somente após um quadro de trombose venosa profunda. Alguns sinais podem auxiliar no diagnóstico:
- Varizes nas perna esquerda mais avançadas que na perna direita
- Edema no membro inferior esquerdo
- Sensação de peso e latejamento no membro inferior esquerdo
- Trombose venosa profunda extensa no membro inferior esquerdo
- Dor para ter relação sexual (principalmente no final da relação)
- Recidiva de varizes ou quadros graves apenas na perna esquerda
Podemos observar que são situações extremamente delicadas, pois acabam reduzindo drasticamente a qualidade de vida do paciente.
Perfil do Paciente e Diagnóstico
O perfil mais comum de pacientes com síndrome de May-Thurner /Cockett
- Sexo feminino
- Gestação prévia
- Usa anticoncepcional oral
- Possuem alguma condição que faz com que seu sangue coagula demais (trombofilia)
Calcula-se que cerca de 70% dos pacientes portadores da Síndrome são mulheres, entre 20 e 50 anos.
O diagnóstico é concluído através da junção de resultado de exames e sintomas frequentes, visto que muitas pessoas possuem a compressão da veia e artéria sem nenhuma implicação ou diminuição do seu bem-estar. Nesses casos, que são chamados de Fenômenos da Síndrome de May-Thurner / Cockett, não há a necessidade de tratamento, apenas de um acompanhamento médico.
Os exames que auxiliam na identificação da condição de saúde são:
- Ultrassom Eco Doppler,
- Venografia (ou flebografia),
- Angio-Tomografia Pélvica com Fase Venosa
- Angio-Ressonância Magnética pélvica.
- Ultrassom intravascular (IVUS)
Tratamento
O tratamento pode ser realizado via endovascular. Através de um procedimento chamado Angioplastia Venosa, é realizada a dilatação do local e implantado um stent venoso para manter a veia aberta, permitindo assim um maior fluxo sanguíneo.
Trata-se de uma alternativa moderna, segura, bastante eficaz e que permite ao paciente uma rápida recuperação.
Quando há trombose venosa profunda, se faz necessário o tratamento de terapia trombolítica para a redução e/ou retirada dos coágulos.
Caso apresente os sintomas citados acima, procure um cirurgião vascular para uma avaliação.
Lembre-se que o tratamento precoce e correto previne situações mais graves, além de proporcionar maior qualidade de vida!